Era uma vez Brasil

Por que os(as) estudantes do século XXI precisam estudar história?

“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la.”

B. Brecht

 

Muitos estudantes questionam “a utilidade” de estudar alguns fatos históricos que aconteceram há tanto tempo: Faz algum sentido estudar sobre a vinda de dom João acompanhado da corte portuguesa para o Brasil? Será que existe alguma relação entre a vinda da corte portuguesa em 1808 e a atual situação política e social brasileira? “A história estuda os resultados causados pelas ações humanas em determinado tempo e espaço”, até aí tudo bem, mas até que ponto a decisão de dom João pode ser relacionada com a nossa realidade atual?

Sabemos que a surpreendente decisão do príncipe regente em vir para o Brasil acompanhado da família real e milhares de membros da corte portuguesa gerou uma série de transformações políticas, sociais, culturais e urbanas na colônia. O que nos resta refletir é sobre o impacto que a transferência da administração do império português teve nos rumos da história do Brasil e o quanto podemos perceber a influência deste fato histórico na atualidade. Vamos a algumas indagações…

As leis que determinavam abertura dos portos às nações amigas de Portugal, bem como a concessão da liberdade de comércio e indústria manufatureira no Brasil, representaram na prática, o fim do pacto colonial que impedia o desenvolvimento econômico da colônia. Será que os grandes lucros obtidos com as novas fábricas e comércios beneficiaram uma grande parcela da população? Infelizmente a resposta é negativa e está relacionada à concentração de renda nas mãos de uma minoria que enriqueceu às custas da exploração do trabalho escravo e de trabalhadores livres mal remunerados. Você acredita que qualquer pessoa poderia estudar nas escolas de ensino superior criadas por dom João? Ou que todos poderiam frequentar os parques e teatros recém criados? Que os cargos públicos seriam atribuídos àqueles que demonstrassem maior qualificação profissional? Mais uma vez as respostas para estas questões são negativas e estão na raiz da desigualdade social e na manutenção dos privilégios de uma elite política que ainda governa o nosso país.

A decisão de dom João em elevar o Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves trouxe grande autonomia e fortalecimento da elite política local, fator determinante para busca da independência política logo após o retorno da família real portuguesa para Portugal em 1821. Será que a decisão do rei D. João VI em deixar seu filho Pedro como príncipe regente do Brasil ao retornar para Portugal guardou relação com o processo de independência relativamente pacífico e a manutenção da integridade territorial do Brasil após a independência em 1822? Será que a restrita participação popular no processo de independência tem correspondência com o pouco envolvimento político dos cidadãos brasileiros observado atualmente? Neste caso as respostas são positivas. O processo de emancipação política do Brasil não foi tão violento se comparado às lutas pela independência que marcaram a América Espanhola, sendo pautado, predominantemente, pelos acordos diplomáticos entre o Brasil e Portugal.

Todos estes questionamentos evidenciam que o estudo da história é essencial para que a gente aprenda e não repita os erros do passado, como também,  compreender e transformar a nossa realidade atual.

 

Texto: Alessandra Soto

Imagem: http://pethistoriauni.blogspot.com/2016/03/meu-transito-entre-linhas-de-pesquisa.html

 

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